domingo, 7 de junho de 2009

MORIN,Edgar. Os sete saberes necessários para educação do futuro

Os sete saberes necessários à educação do futuro




RESENHA
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro

POR: Eloi Inácio Kuhn

1- A SEGUEIRA DO CONHECIMENTO: O ERRO E A ILUSÃO

Edgar Morin vislumbrou a necessidade da contextualização do problema posto. Ler as entrelinhas, apontando as falsas interpretações que podem ser dadas aos mais diferente escritos, falas ou episódios.
Na ótica de observador percebemos que nunca estamos diante do que imaginamos ver, por outro lado, pecamos por exageros e extrapolamos em nossas considerações a respeito dos mais diferentes assuntos. Alinhavamos pré-conceitos a respeito de tudo e todos guiados por aparências, crenças, orientações morais ou por ignorância sobre referido temas ou situação. Outro fato a ser analisado é o conceito concebido sobre o que é a verdade, sem um exame mais detalhado do sentido daquelas verdades, de que épocas são, se tais conceitos não são arcaicos e superados ou suplantados.
Tentaremos exemplificar este primeiro ponto: O petróleo está onde? Abaixo de que? Do pré-sal? Mas, como se ele é de “origem orgânica”, oriunda de animais não deveria boiar por ser menos denso que a água? E como tem dois quilômetros de espessura de pré-sal sobre ele, quer dizer que um dia a vida foi extinta nos mares?
Se no mar morto a concentração de sal chega em torno de 20 gramas litro e já não existe vida e um ser humano bóia sobre as águas imagine se chegar ou passar de seu “coeficiente de solubilidade” que é a 25º C de 360 /L ? Os animais marinhos não afundariam flutuariam e seus restos boiariam.
É imaginário? Pode ser, mas, se abre um leque de novas versões tentando encontrar uma(s) nova(s) verdade (s).
Morin também se refere ao lado “cognitivo” que pode despertar um estado de destemperamento (fúria) ou rebeldia e descontentamento. Ao “conhecimento da percepção” e nos faz ver nossa aceitação, das nossas teorias num todo. As reações emocionais onde produzimos nossas fantasias (o ariscar-se), nossa compreensão dos fotos do nosso entorno, momentos que não devem ser interpretadas como o auge do estado de espírito em prol do prazer próprio ou do contentamento e satisfação nem alavancar nossas teorias sobre os fenômenos, se bem que a sede do incerto nos provoca, podendo nos levar a gloria ou ao desastre através da experiência. Necessitamos experimentar para conhecer, ou justificar um conhecimento, levando-se em conta que razão e emoção andam lado a lado também não podendo ser dissociados.
Pode-se dizer, que nossos erros advêm muitas vezes dos saberes estáticos ou compilados de em seqüência de leis (newtianas) ou da possibilidade da fragmentação separando os saberes como se fosse possível fragmentar a mente e o ser humano como num passe da mágica química pudéssemos produzir tal fenômeno.
A ilusão é o próprio erro, faz-nos divagar, esquecendo o conjunto, de olhar para nós mesmos não na tentativa de mensurar, ou atribuir qualidades, números aos fenômenos, mas em uma forma de autoconhecimento.

2- O CONHECIMENTO PERTINENTE

No segundo ponto se acentua o conhecer do instrumento ( ex:violão) como um todo e não apenas uma parte isolada (uma corda). Assim sendo o educador deverá não só dominar a sua área, mas conhecer o conjunto de conhecimentos básicos e da realidade de um todo, ai a necessidade de um conhecimento e ou planejamento interdisciplinar onde as conexões entre os saberes se enlaçam criando um novo contexto e uma nova visão de realidade. A educação pode ser comparada a “teia da vida” (Capra), onde os saberes interdependem.
Tentaremos exemplificar; em físico-químico, o terror dos vestibulandos tem muito pouco de física ou química, mas sim, leitura e interpretação e cálculos matemáticos, portanto, a necessidade de uma didática apurada para promover uma maestria convincente ante aos educandos pelos profissionais em Ciências Químicas.
Neste ponto pode-se analisar o quanto estamos presos em nosso “mundinho” nos centralizamos em nossa efetivação, em nossa disciplina, esperando que o mundo acabe ou nos conduza a aposentadoria, para que possamos nos queixar, que os alunos nos testaram esquecendo que não tínhamos respostas para dar ou satisfazer sua curiosidade. Penamos 30 ou 35 anos, mas, não nos sujeitamos a apreender algo de novo, ou replanejar nossos currículos escolares, abandonar os velhos livros da ditadura (didáticos).
Nós professores somos os grandes culpados pelo desastre da educação, por estarmos muito distante do que os antigos gregos já sabiam “educar é uma ação de dentro para fora”, (Sócrates) educar é um processo que vai além de oferecer conhecimento, é extrair o que tem de melhor no ser humano. Os termos ironia e maiêutica definem sua ação de “ensinar”
Os gregos viam o processo da aprendizagem como algo que vinha da brincadeira ( o lúdico de Ruben Alves ). A palavra que define educação era paidéia idêntica ao termo usado para brincar paidia. Para Platão, a vida deve ser como uma brincadeira.
A educação deveria ser um constante investigar, criar, analisar, discutir, formar, e reflexão de idéias (visão de mundo) em níveis gerais, abstratos ou fundamentais.


3- ENSINAR A CONDIÇÃO HUMANA


Neste ponto o autor mostra que nossa identidade de ser humano foi totalmente rasurada. Somos guiados e comparados a máquinas, agindo como programados, e descartados quando não mais interessamos ou perdemos o foco de interesse de quem usufrui os nossos serviços.
O sistema (capitalismo) nos obriga a esquecer nosso passado, erros e defeitos são de dimensões fundamentais no processo para uma eventual acusação de fracasso. A falta da identidade humana é que nos bitola, nos faz doentios, nos tiraram ou cerceiam o direito de correr riscos ou de viver para o novo. O preço a pagar será muito alto, neuroses e psicoses são indícios desta recente criação humana.
O ser humano biológico é parte de uma espécie que depende de suas ações, ou seja, sua sobrevivência em grande parte depende dele mesmo. Nosso convívio social nossa biologia e psicologia estão em um emaranhado indecifrável e faz de cada ser o único em suas peculiaridades, portanto não devemos “formar” pessoas para um determinado oficio, e sim deixar que siga sua identificação peculiar por que o ser humano não pode ou deveria ser programado ou adestrado para cumprir uma função.
O ser humano trás em sua característica genética a aprendizados de milhões de anos de desenvolvimento desde a matéria que evoluiu a inteligência e consciência, mas os caracteres primitivos nos acompanham e a qualquer momento os vulcões hormonais poderão se manifestar e fazer de um submisso ser, uma fera.
Necessitamos estar em contato com indivíduos da mesma espécie num âmbito social de forma que a espécie se perpetue.
A loucura de produzir e consumir, o ter antes do ser......
Cabe a nós fazer uma revolução multidisciplinar entre todas áreas do conhecimento e a revolução deve sair da educação, com estudos direcionados as condições e reorganização de estudos antropológicos, ambientais, meteorológicas, exatas e humanas desenvolvendo o ser humano ou devolvendo a ele o que trás de berço.

4- A IDENTIDADE TERRENA

Neste item se entende a dificuldade de entendimentos e da compreensão (compreendere ) do grego, que significa ( colocar todos juntos )do ser humano. O convívio social, e vida em família estão cada vez mais difíceis, pela diferença cultural. Perdeu-se o dialogo entre grupos familiares por questões óbvias de choques culturais, onde pais foram criados em um regime de ditadura e filhos que aproveitam a liberdade democrática e a traduzem para libertinagem. É comum ouvir os pais dizendo “estaria de acordo que voltasse a ditadura” referindo-se a mão de ferro, para como certas atitudes eram reprimidas.
Cabe a nos entender que estamos em um mesmo espaço (planeta /mundo) e temos diferenças tão abruptas e difíceis de suplantar.
Num âmbito geral e educação também tem parte de culpa neste enredo, como nem todas as pessoas tem condições de freqüentar boas escolas, é óbvio que os marginalizados do saber não conseguem acompanhar uma discussão aberta sobre os mais diferentes temas comum no dia a dia, não permitindo a comunicação humana de uma forma compreensível a todos os membros do grupo social.
Também vale considerar os aspectos da linguagem não verbal como, por exemplo, as expressões faciais, o contato visual, movimento corporal, posturas e contato corpo a corpo que muito dizer sobre o que queremos e ou necessitamos. As manifestações como choro e riso trazem um amplo aspecto de comunicação, com os mais diferentes modos de interpretação.
Para muitas pessoas a comunicação se torna difícil e por conseqüência sua aceitação em diferentes grupos por sua vergonha e acanhamento. Outras ainda têm dificuldade de relacionamento e comunicação por suas atitudes anti-sociais que provocam um afastamento muitas vezes com revolta das partes. A “incompreensão” também pode ser lida “estar afastado” trás grandes danos ao psíquico dos seres.
Muitas vezes se faz o mínimo de esforço para ouviu ou entender alguém (menos informado pobre ou humilhado) e tentamos nos sobrepor arraigado a experiências anteriores esboçando a nossa superioridade em relação ao comunicante, estabelecendo níveis sociais (castas) dentro da mesma espécie (humana).
Urge em nossa educação mesmo precária um “descer do salto ou podar a língua” e nos compadecer com a dor à lágrima e súplica dos outros para que uma comunicação se restabeleça, novamente partindo de um replanejamento das atitudes do profissional da educação.
Entre os próprios profissionais tem-se grande necessidade de abrir este canal de comunicação, esquecendo do individualismo, egocentrismo partindo para uma busca dos valores perdidos ou adormecidos.

5 -A INCERTEZA

Neste capitulo Morin nos desperta para o questionamento e a dúvida, ante as certezas dos aspectos estudados. Foi-se tempo ou deverá ir de o professor só proferir o conhecimento cientifico que nossas constituições nos induzem a pregar. As certezas deverão servir como base para o questionamento enchendo nossa vida de interrogações. A busca por respostas permeia nosso modo de agir em sala e fora dela, onde, no nosso entender nenhuma verdade é absoluta e nenhum ensinamento deve ser ministrado desta maneira.
Vejamos: matemática é exata? Mas, onde se estuda probabilidade? Ou estatística? Ou ainda, qual o quadrado perfeito de 41 para perpetuar o teorema de Pitágoras, em um triangulo retângulo com catetos de 4cm e outro de 5cm? “Onde a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”
O próprio universo está sempre mostrando suas incertezas nosso planeta evoluiu a condições da abrigar diferentes níveis de vida, com uma certeza um dia sucumbirá, mas incertezas infinitas, o ser humano é uma incerteza evoluímos, mas não estamos prontos, continuamos evoluindo, ninguém saberá o final.
O futuro é incerto, a certeza da morte a incerteza do dia, ou de uma catástrofe final com o planeta. A certeza do alimento a incerteza da qualidade e quantidade disponível; afinal o que temos de certeza? Sabemos que nossa história está recheada de catástrofes e que a própria vida depende das catástrofes naturais, como exemplo o vulcanismo que não deixou a terra congelar, os asteróides, que surpresas nos reservam nossas galáxias vizinhas?


6- ENSINAR A COMPREENSÃO

No sexto tópico ele tenta nos acordar para nossa mesquinhez ante o planeta mostrando-nos a pequenez do nosso astro e nossa condição de viajantes do espaço abordo de uma pequena esfera da qual desafiamos os limites diariamente. Em nosso planeta a vida se fez ao acaso, por estarmos navegando numa distancia tal que o calor do sol nos proporcionou calor suficiente juntamente com o calor do núcleo da terra, para que se formasse uma camada de gases estufa capazes de manter a temperatura terrestre com pouquíssimas variações durante milhões de anos e a vida se fez capaz saindo das profundezas dos oceanos para a terra em um longo ciclo evolutivo a ponto de a matéria chegar à inteligência.
O maior gargalo é condicionar as pessoas de que somos apenas parte desta matéria que temos um destino comum o que nos remete a teia da vida onde interdependemos e que cada ser que se perde ou é extinto solta uma parte desta teia a ponto de nós sucumbirmos muito antes do último ser animado.
Nosso planeta é um planeta vivo aqui a vida acontece a partir da fotossíntese e é capaz de se regenerar e se recompor ao longo do tempo, mas, para este tipo de vida que temos em nosso tempo “ele” está saturado, desgastamos os nutrientes de tal forma que já necessitamos correções no solo para que este não deixe faltar alimentos para esta super população.
Com o advento do século XXI o mundo “estava” em épocas de globalização com a mídia transmitindo fenômenos de forma instantânea e as distâncias diminuíram ainda mais de forma que hoje algo acontece no outro lado do planeta e sabemos em questões de minutos mostrando ainda mais nossa fragilidade neste universo.
As ameaças do homem contra sua própria espécie são de toda ordem, alimentos modificados, drogas controladas ou mesmo as armas químicas e biológicas nos aterrorizam de forma que o stress nos torna impulsivos e agressivos.
O ser humano destrói mais que todas as espécies em conjunto ou talvez mais que todos os seres que já habitaram o planeta antes de nós, causando uma grande metamorfose no aspecto visual, físico e ambiental sobre planeta.
Nosso planeta está no limite e cabe a escola ditar os rumos “possíveis” para que a vida se mantenha durante o maior tempo possível.

7º A ÉTICA DO GÊNERO HUMANO

No último ponto o autor nos recorda de que necessitamos acordar para aquilo que o ser humano nunca deveria ter perdido a ética. A antropo-ético, como Morin coloca, nos recorda da nossa condição de indivíduo na sociedade formada pela mesma espécie, com semelhança de condições, direitos e deveres comuns a todos do meio.
O aspecto moral e ético juntamente com sua autonomia são virtudes do ser humano, não esquecendo nossa conjuntura social que deveria ser democrática nunca esquecendo do nosso semelhante em seus direitos e limites bem com sua aceitação no grupo tal qual ele é (inclusão social) para que todos convivam e tenham oportunidades iguais.
A transgressão das ordens postas com uso de qualquer subterfúgio para provocar danos ou levar vantagens, séria penalizável, o abuso de poder econômico tecnológico é antiético e imoral e nos distancia de uma cidadania plena.
E por fim, Morin propõem uma sociedade planetária onde há controle sobre o destino da humanidade, sem ameaças e desastres provocados entre os indivíduos da própria espécie.

Concluindo sabemos todos da urgente necessidade de repensar nosso modo de vida sobre o planeta, mas de boas intenções não podemos viver, é necessário pôr mãos à obra e orientar os docentes de seu papel ante todo os contratempos que a vida nos prega, se possível retirando-os das salas de aula e reeducando os mestres, para que acordem para sua nobre missão.
A mudança deve acontecer em um amplo sentido, começando pelos formadores de opinião (mestres e doutores) que recebem os acadêmicos oriundos de escolas sucateadas, criar idealistas e orientar para que consigam movimentar “massas” para um acordar do berço esplendido no qual achamos nos encontrar.

Particularmente conhecia a obra de Morin, mas não me surpreende, pois, prega o óbvio e apenas nos diz por escrito aquilo que estamos “roucos” de “gritar” aos quatro ventos dioturnamente, mas, nos leva a uma reflexão mais profunda da nossos condição humana acentuando pontos muitas vezes esquecido, ou não citados para que a verdade não doa tanto.


Elói Inácio Kuhn
(mestrando em Ciências da educação)

Um comentário:

  1. sem duvida alguma esse Edgar está certo, a educação, assim como a sociedade, se tornou mecanizada, cada individuo tem sua função, não busca ultrapassar seus limites, criar icognitas, mas isso ocorre porque o ser humano tem medo do desconhecido, prefere aceitar algo que alguem diga e que se "encaixe" do que procurar a verdade temendo o que se esconde nas sombras do conhecimento.

    Desde o inicio dos tempos a humanidade cria mitos, deuses e etc. para poder explicar, o que até então, era inexplicavel, o que seria da humanidade sem aqueles que questionaram o que lhes foi imposto? Viveriamos ainda na "era das trevas", mas será que ainda não vivemos?

    Se alguém busca ir além e volta com "descobertas" que colocam os padrões impostos em cheque, esse é visto como louco, sem noção, e quem se beneficia dessa cegueira de alguma forma faz com que o individuo seja excluido colocado de lado.

    Em uma sociedade em que poucos governam muitos, o que nos resta esperar se não um monopólio do conhecimento das "classes altas", onde quem é marginalizado não se importa e se curva com prazer para poder dizer que faz parte da sociedade, como citado no texto, uma sociedade que preza "o ter antes do ser", uma sociedade dominada, em que um programa (BBB) gera mais discussões do que as leis aprovadas no senado que só "ferram" com a população e ninguém da a devida atenção, mas não é de se espantar, pq a maioria da sociedade nem faz ideia de como funciona a sociedade e nem procura entender.

    Escolas publicas com professores mal preparados, e sem dominio do assunto fazem com que a situação só se agrave, professores que não dispertam a vontade do saber nos alunos, não procuram tornar sua disciplina, por mais difícil que ela seja, algo mais agradável e prazeroso de se estudar, preferem ler um livro para os alunos e esperar que eles aprendam onde nem quem está "ensinando" aprendeu, o aluno também não está isento de culpa, as forças jovens no pais estão diluíndo, uma manifestação como as "Diretas Já" na sociedade atualmente é impensável, o aluno não está nem aí só quer saber de terminar a escola e nunca mais estudar.

    Uma revolução na educação e na sociedade é necessária, mas tem que partir de todos. O professor junto com os pais tem que mostrar a direção para que o aluno de hoje não se torne mais uma marionete, um boneco nas mãos das elites.

    Já escrevi de mais agora vou terminar o trabalho de quimica que já esta atrazado uma semana.

    abraço

    ResponderExcluir